segunda-feira, 12 de março de 2012

Mais Comum Do Que Imaginamos...


Hoje vim falar de um assunto que acabou comigo na semana passada. Fui ao dentista e enquanto aguardava para ser atendida entraram pela porta um homem com uns 40 anos trazendo uma mulher pela mão, guiando-a. A mulher que aparentava ter pouco mais de sessenta anos tremia muito e segurando nas mãos do homem, andou, com muita dificuldade, do carro que estava no estacionamento até sentar-se no sofá. O homem que a acompanhava foi todo momento muito educado e carinhoso com a senhora, mas depois de deixá-la sentada deu um beijo em sua testa e foi embora. Os muitos tremores deixavam em evidadência que aquela mulher tinha uma doença e na hora veio na minha cabeça que ela tinha Mal de Parkinson. Para quem não sabe, Mal de Parkinson "é uma doença neurológica que compromete os movimentos da pessoa. Ao contrário do que se imagina, a memória e a inteligência dos indivíduos com Parkinson não são comprometidas, ou seja, a pessoa continua a recordar de fatos e acontecimentos. A doença atua na degeneração e morte dos neurônios que produzem a dopamina no sistema nervoso central. A perda de produção da dopamina provoca a perda da condução de neurotransmissores, (as correntes nervosas) pelo corpo, que são responsáveis pela coordenação e controle de todos os movimentos que o organismo pode ter. Dessa forma, a falta da dopamina no organismo causa cansaço, fraqueza, tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, dificuldade para se movimentar, alterações na fala e outros.". Eu estava sentada em um sofá e ela do outro lado da sala, quando ela começou a conversar comigo. Com a voz muito baixa e trêmula entendê-la era quase como um desafio, só que bem menor do que os desafios enfretados por ela. Ela me disse que aquele homem que foi levá-la era um de seus 10 filhos. Disse que já tanto neto e bisneto que nem sabia quantos eram. A frase, que com toda certeza, foi a que mais me emocionou foi: "Sabe, filha, a gente dá duro a vida inteira, trabalha pra sustentar os filhos. Tenho 74 anos e já fiz de tudo. Já fui cozinheira, lavadeira e tive até meu restaurante. É difícil ver como estou agora. Já passei por muita coisa até ficar assim. Nunca imaginei que ficaria desse jeito. Têm dias que não ando, têm dias que preciso de ajuda e têm outros dias que consigo andar até sozinha. Não dói, mas treme muito, a perna cansa. Eu tinha um companheiro que me ajudava muito, me levava pro médico até no colo, mas depois da doença ele foi embora, aí eu fiquei aqui, assim, desse jeito." Eu sinceramente não entendi se o seu marido a abandonou ou se ele havia morrido. A dor que ela disse não sentir, acredito que seja a dor física. Enquanto me contava sua história, seus olhos se enchiam d'água. Visivelmente emocionada, ela me disse que crê que Jesus a curará, mas que não quer mais essa vida. Eu fico imaginado como deve ser, você passa sua vida inteira trabalhando, cuidando de suas coisas, até que um dia descobre uma doença degenerativa que não tem cura. Existe tratamento, mas a cura ainda não foi descoberta. A doença, que não é exclusiva dos idosos, ao contrário do que imaginamos, é muito comum. Dados apontam que em uma população de 100 mil habitantes, de 150 a 200 pessoas terão Parkinson, ou seja, a cada mil habitantes, existe um doente. 80% dos casos atingem pessoas entre 65 e 75 anos, e 10% dos casos antes mesmo dos 45, o chamado Parkinson precoce. O filme "Amor e Outras Dogras" relata a história de Maggie, uma mulher de pouco menos de 30 anos, que tem Parkinson precoce. O longa mostra as dificuldades enfrentadas pelo casal e marca como Maggie era no começo do filme, quando sua doença estava em um estágio inicial, e no final, quando a doença piora.  Apesar de não ser uma doença fatal, muito menos contagiosa, Parkinson é amendrontadora e é encarada com preconceito por muitas pessoas. Normalmente é diagnosticada em um estágio avançado, já que nem o portador, nem a família percebem os sintomas no começo. Mesmo com todas as dificuldades existem em conviver com uma pessoa que tem a doença e ser um doente, paciência, dedicação, atenção e importância ao tratamento são essênciais. Amor, apoio e carinho ajudam muito no tratamento. Lembre-se disto.  

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